Quando um navegador estabelece o curso de um navio, fica sabendo onde está e aumenta significativamente suas chances de chegar com segurança ao porto. Não pode, no entanto, por mais sofisticados que sejam seus aparelhos de navegação, traçar uma linha reta entre os pontos de chegada e de partida, pois enfrenta ventos, ondas e calmarias. Algo semelhante ocorre com a arte da aquarela. O artista plástico coloca-se na frente do papel em branco com um projeto em mente, mas a realização vai depender do meio no qual trabalha. A água, seja a enfrentada pelo viajante no mar ou a utilizada para diluir as tintas, sempre apresenta surpresas.
Por trabalhar com água, a aquarela tira o peso do ato de viver e deixa aflorar a espiritualidade de que o mundo tanto precisa. Por isso, renasce com tanta força.Iole Di Natale, artista plástica e coordenadora do Núcleo de Aquarelistas da Faculdade Santa Marcelina em São Paulo.