De regresso de uma viagem muito boa, começo pelo último dia, por um daqueles momentos únicos na vida.
O último dia em Veneza foi dedicado ao Cannaregio um bairro lindo cheio de canais, praças, igrejas e, entre outras coisas, muitas galerias. É neste bairro que se encontra o Ghetto velho e o novo, a Sinagoga e o Museu Judaico. Turistas? Praticamente inexistentes e, em certos locais quase não há ninguém e ouve-se o silêncio.
Quando cheguei à praça grande deparei-me, junto ao Mu
...seu com um grupo de sketchers uns sentados em dois bancos, outros no chão. Quando olhei melhor vi,sentado no chão, Stefano Faravelli, de Turim, pintor e formado em filosofia e estudos orientais. Tenho dele 3 livros - Egipto, China e Japão. Embora não seja um urban sketchers os seus livros de viagens têm apontamentos rápidos e perfeitamente integrados no espírito urban. A composição das suas páginas é fabulosa pelo desenho e aguarela a que a escrita dá uma harmonia muito especial.
Abreviando, tive "lata" para me aproximar e qdo ele acabou o comentário a um sketchbook abordei-o e imediatamente se estabeleceu um clima de diálogo em italiano espanhol e português. O grupo todo aderiu e criou-se um clima fantástico. Abri o meu moleskine na página de que mais gosto e pedi-lhe se me dava um autógrafo. Disse que era uma pena pois ia estragar uma belissima página mas, como insisti, abriu a bolsa tirou a caixa de aguarelas e desesenhou as 2 carpas símbolo de Veneza e escreveu o texto, para mim belissimo, que engradeceu um trabalho de que já gostava.
No fim disse-lhe - como posso agradecer? Levantou do chão o seu metro e noventa ou + abriu os braços e disse com um abraço e um bacci. Assim foi.
Um encontro que nunca esquecerei e que guardarei, em mim, como um daqueles momentos que justificam uma vida que, por vezes, parece fazer pouco sentido.
Há momentos irrepetíveis, este foi um deles.